Polêmica na Espanha por informações sobre vacinação de irmãs do rei
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As irmãs do Rei, Elena (na esquerda) e Cristina (no centro) em 3 de abril de 2018 em San Lorenzo del Escorial, em Madri, Espanha (Foto; POOL/AFP/Arquivos) |
A aplicação da vacina contra a covid-19 nos Emirados Árabes
Unidos nas irmãs do rei Felipe VI, Elena e Cristina, segundo informações da
imprensa, gerou polêmica na Espanha, onde o partido no governo de coalizão
Podemos criticou nesta quarta-feira, 3, os “privilégios” que contribuiriam para
o “descrédito” da monarquia.
A vacinação das irmãs sem seguir o protocolo vigente na
Espanha ocorreu durante uma viagem para visitar seu pai, o rei emérito Juan
Carlos, exilado em Abu Dhabi devido às investigações sobre a suposta origem de
sua fortuna, segundo a imprensa espanhola.
Os fatos não foram confirmados oficialmente. Um porta-voz da
Casa Real se recusou fazer comentários à AFP, lembrando que as irmãs “não fazem
parte” da família real e, portanto, suas ações estão no âmbito privado.
“A vacinação das irmãs é mais uma notícia que contribui para o
descrédito da instituição monárquica. Os cidadãos percebem que há tratamentos
de favor e privilégios”, criticou nesta quarta-feira na televisão pública TVE a
ministra da Igualdade, Irene Montero, do partido Podemos.
Abertamente republicano, o Podemos costuma bater de frente com
assuntos relacionados à monarquia com seu sócio majoritário no governo, os
socialistas de Pedro Sánchez, defensores da monarquia parlamentar vigente na
Espanha.
As informações geraram polêmica na Espanha uma semana depois
da revelação que Juan Carlos de Borbón pagou ao Tesouro para regularizar sua
situação mais de 5 milhões de dólares em impostos atrasados, por viagens em
jatos que haviam sido bancadas por uma fundação de um primo distante.
O ex-chefe de Estado (1975-2014) de 83 anos está exilado em
Abu Dhabi desde agosto, quando aumentaram as suspeitas sobre a origem oculta de
sua fortuna. O rei emérito é alvo de três investigações no total.
Além disso, as informações da imprensa apareceram em um
momento em que a Espanha forneceu, seguindo um protocolo rígido que prioriza os
idosos e mais vulneráveis, as duas doses da vacina anticovid a apenas 1,2
milhão de seus 47 milhões de habitantes, principalmente devido a atrasos nas
entregas das doses.
Um processo que não escapou da polêmicas: o comandante do
Estado-Maior da Defesa e o secretário de Saúde do território de Ceuta
renunciaram depois que foram vacinados fora do protocolo, apenas dois de vários
casos semelhantes.
Pela sua idade, 57 e 55 anos, as irmãs ainda não deveriam ter
recebido a vacina na Espanha.
As duas deixaram de pertencer à família real em 2014, quando
seu irmão Felipe assumiu o trono após a abdicação de Juan Carlos I.
Cristina, cujo marido Iñaki Urdangarin cumpre atualmente uma
pena de 5 anos e 10 meses de prisão por corrupção, tem residência oficial na
Suíça.
(*) Com informações do Isto É
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