Na Assembleia deputados sugerem fim do recesso e debatem sobre o caos na saúde

Na sessão extraordinária convocada para esta terça-feira (19),
na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), para discutir a situação da
saúde pública no Estado em função da pandemia de Covid-19, os deputados
estaduais sugeriram o fim do recesso parlamentar e, ainda, cobraram a abertura
de um novo processo de impeachment do Governador Wilson Lima (PSC).
Serafim Corrêa (PSB) abriu os discursos cobrando o fim do
recesso parlamentar e aproveitou para apontar uma alternativa de repasse de
recursos para os prefeitos do interior: repassar R$ 20 milhões em recursos da
Assembleia para o Fundo Estadual de Saúde para que sejam repassados
proporcionalmente para os fundos municipais. “Quem sabe onde o calo está
apertando é o prefeito do interior. E ele tendo dinheiro na mão ele vai poder
usar esse dinheiro da melhor maneira, de forma a dar assistência aos nossos
irmãos do interior, que são os que estão sofrendo mais nesse momento”,
argumentou.
O presidente da Assembleia, deputado Josué Neto (Patriota)
propôs um minuto de silêncio como homenagem póstuma, ao servidor da Assembleia
Oswaldo Cruz da Silva e ao irmão da deputada Alessandra Campêlo (MDB), Adriano
Campêlo, ambos vítimas de Covid-19.
Falta planejamento
Já o deputado estadual João Luiz (PRB) chamou a atenção para a
importância do planejamento para a saúde. “Os recursos são importantes, mas não
são definidores para a melhoria do quadro da saúde estadual, porque podemos ter
os recursos, mas de nada adianta se não houver um planejamento, porque não vai
ter o produto final. Até mesmo o próprio governador já admitiu que o problema
não é recurso, pois se não houver cabeças planejando o uso desses recursos, a
ajuda não chegará”, ponderou.
Wilker Barreto (Podemos) por sua vez também defendeu o fim de
recesso, argumentando que o recesso neste momento é uma afronta ao povo, além
de instigar os demais parlamentares à abertura de um novo processo de
impeachment do Governador. “O que aconteceu não foi uma fatalidade, porque
desde setembro o governo tem conhecimento das necessidades. Um governador que tem
conhecimento de um colapso iminente, tendo dinheiro em caixa e paga pra ver,
expondo seu povo a uma maldade sem precedentes é um genocida. É um governador
que mata seu povo e ainda vai pra televisão posar como um salvador da pátria,
isso é cinismo”, afirmou.
Mais valorização
A presidente da Comissão de Saúde da Assembleia, deputada Dra.
Mayara (Progressistas) chamou a atenção para a necessidade de valorização dos
servidores da saúde. “Desde o início do meu mandato defendo a valorização
destes servidores, mas não existe mais espaço para deixar isso em segundo
plano: precisamos sim oferecer abonos salariais, oportunidades de carreira para
os servidores da saúde que nesta crise sanitária gritaram por valorização e
melhores condições de trabalho”, afirmou.
O deputado Delegado Péricles (PSL) lembrou as constatações do
trabalho da CPI da Saúde, pedindo ação do parlamento estadual quanto à gestão
do Governo do Amazonas. “Colegas, nós precisamos agir, porque está bem clara a
ineficiência deste governo que não fez o mínimo e gerou essa catástrofe que
vivenciamos hoje no estado do Amazonas”, alertou.
Caos nos municípios
Além de se manifestar contra o recesso parlamentar, Dermilson
Chagas (Podemos) pediu uma Cessão de Tempo para a Associação Amazonense dos
Municípios (AAM) trate sobre a real situação do interior e também defendeu a
abertura de um processo de impeachment, classificando a Assembleia como omissa
por não ter cassado o mandato do Governador.
Fausto Junior (MDB) e Álvaro Campelo (Progressistas) também
pediram o fim do recesso e Campelo que em agosto já divulgava pesquisas sobre a
chegada da segunda onda de Covid-19, no que seu discurso foi tachado de
meramente político na época.
Passados os trabalhos ao Grande Expediente, uma Cessão de
Tempo ao presidente da Associação Amazonense dos Municípios, prefeito de
Manaquiri, Jair Souto (MDB), denunciou a apreensão de cilindros de oxigênio no
interior pela Polícia Militar e apontou a falta de planejamento e orientação
dos prefeitos, o que faz com que cada um tente solucionar a falta de oxigênio a
seu modo. Ele também pediu aos deputados ajuda para corrigir uma série de inconsistências
contra o interior do estado, referindo-se à centralização dos serviços e da
economia no estado.
Cobrança
Roberto Cidade (PV) lembrou a emenda coletiva de 50 milhões
para comprar de vacinas para os amazonenses, pedindo celeridade da Secretaria
de Estado de Fazenda do Amazonas (Sefaz) em disponibilizar o recurso, bem como
o valor das suas emendas individuais para o interior, além de também cobrar do
Estado um programa de logística de distribuição de vacinas e insumos
hospitalares.
Estreia
A deputada estadual Nejmi Aziz (PSD) em seu primeiro
pronunciamento na Assembleia se solidarizou com as mais de cinco mil famílias
que perderam seus entes queridos, colocando seu mandato à disposição para
contribuir com a melhoria de vida dos amazonenses.
Esclarecimento
Carlinhos Bessa (PV), por sua vez, apresentou requerimentos
pedindo esclarecimento sobre a falta do oxigênio, sobre o planejamento de
distribuição de oxigênio no interior e para que as pessoas com deficiência
sejam prioridade na vacinação.
Ricardo Nicolau (PSD) discursou pedindo ações rápidas e
efetivas por parte do Governo e união com o empresariado amazonense. “Ao que
parece o Governo não aprendeu com a primeira onda”, definiu.
O deputado Adjuto Afonso (PDT) manifestou preocupação com a
gestão municipal do interior em adquirir cilindros de oxigênio para a população
hospitalizada com Covid-19 e sugeriu a construção de mini usinas de oxigênio
com recursos de emendas parlamentares para atender a demanda destes municípios
para que estes não remanejem seus internados para a capital já afogada em
atendimento.
Saullo Vianna (PTB) sugeriu que os deputados usem recurso de
emendas ou da própria Assembleia para adquirir usinas de oxigênio para o
interior, pelo menos para os municípios polo.
Sugestão
O deputado Josué Neto (Patriota) sugeriu que ao invés de
destinar os R$ 50 milhões para vacinas – já que estas serão disponibilizadas
pelo Governo Federal – para serem aplicados em outro fim. “Já que não vamos
mais comprar vacina, podemos utilizar esse recurso para outro objeto. Podemos
sim discutir e debater isso entre nós deputados, todos os dias com o fim do
recesso, mas isso não depende só de mim, apesar de eu ser a favor da volta dos
trabalhos. Essa decisão depende da maioria dos deputados”, afirmou o
presidente. Na oportunidade, o parlamentar apresentou uma Moção de Desagravo à
rede particular de saúde, citando hospitais como Samel, Hospital Adventista,
Prontocord, CheckUp, Santa Júlia e Beneficente Portuguesa.
Por sua vez, a deputada Therezinha Ruiz (PSDB) apresentou dois
requerimentos: um para que a secretaria de saúde atue mais rapidamente no
suprimento do Hospital Chapô Prevot, na Colônia Oliveira Machado, zona Leste de
Manaus, que recebeu doação de luvas e outros itens que estavam faltando. O
outro requerimento da deputada pede a antecipação das vacinas para os
professores da rede pública do interior, seja no primeiro ou no segundo grupo
de vacinação.
Diretoria de Comunicação da Aleam
Texto: Fernanda Barroso
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