Corecon/AM omite transparência à sociedade em despesas que somam mais de R$ 3 milhões

Manaus – O Conselho Regional de
Economia do Amazonas (Corecon/AM) descumpre a Lei da Transparência Pública há
três anos na administração do economista Francisco de Assis Mourão Júnior. A
informação foi repassada nesta sexta-feira, 17, à REVISTA
CENARIUM e confirmada no site oficial da instituição (www.corecon-am.org.br).
Criado
em 1971, o Corecon/AM disciplina e fiscaliza o exercício de consultores
autônomos e empresas de consultoria que atuam no campo profissional de projetos
avalizados por economistas registrados. É um órgão que faz parte do sistema do
Conselho Federal de Economia (Cofecon), com sede em Brasília, e recebe verba
pública da União.
São
as consultorias realizadas por economistas que embasam os projetos de empresas
para serem habilitadas a ingressar em áreas industriais e comerciais com
direito a incentivos tributários, como o Polo Industrial de Manaus (PIM)
através de estudos do Processo Produtivo Básico (PPB).
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O Conselho de Economia do AM está sediado na Av. Leonardo Malcher no Centro de Manaus (Gabriel Ricardo/REVISTA CENARIUM) |
Além de fiscalizar o exercício da
profissão de economista, o Conselho Regional de Economia, também, atua como uma
entidade representativa de classe que pode e deve fiscalizar as ações do Poder
Público nas esferas municipal, estadual e federal.
Sendo
um fiscal da profissão e dos poderes, o Corecon/AM deixa de dar exemplo na
prestação de contas de seus recursos. O último balanço divulgado no site da
instituição foi inserido em 2017.
Naquele
ano, o conselho informou gastos totais de R$ 1.098.442,59, prestando contas do
que foi recebido em verba pública. O empresário e economista Nelson Azevedo era
o presidente da instituição, à época.
Como
a base anual de despesas da entidade é de pelo menos R$ 1 milhão, com a não
prestação de contas dos anos de 2018, 2019 e 2020, o valor total omitido pelo
Conselho ultrapassa a R$ 3 milhões de recursos.
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Última prestação de contas no site oficial do Corecon/AM foi em 2017 (Reprodução/REVISTA CENARIUM) |
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Detalhes do Balanço Contábil do Corecon/AM de 2017 na gestão de Nelson Azevedo (Reprodução/REVISTA CENARIUM) |
Ilegalidade e
incoerência
O
Corecon/AM comete grave ilegalidade ao não informar seus gastos, deixando de
guardar a Lei Federal 12.527/2011. No artigo 3º. da legislação, consta a
obrigatoriedade de órgãos que recebem dinheiro público a “utilização de meios
de comunicação” para a prestação de contas.
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Reprodução/REVISTA CENARIUM |
Além do descumprimento legal, o
Corecon/AM contraria o seu próprio regimento interno. Em sua missão, a
instituição elenca como valores a “Transparência”, com a promessa de “Tornar
pública as atividades do Conselho e seus respectivos resultados administrativos
e financeiros”.
A
instituição deve ter, em tese, seus recursos fiscalizados oficialmente pela
Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF), Controladoria-Geral da
União (CGU) e pela própria população.
Impeachment questionado
Francisco
de Assis Mourão Júnior, responsável pela não prestação de contas do Corecon/AM,
é o mesmo que pediu impeachment do governador do Amazonas, Wilson Lima
(PSC), e de seu vice, Carlos Almeida neste ano por pelo menos duas vezes.
O
pedido de Mourão Júnior foi considerado frágil por ser uma cópia fiel do
processo que ainda está sob investigação na Polícia Federal e apura a compra de
respiradores pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) no ápice da pandemia.
Mourão
é amigo do presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), Josué Neto
(Patriotas), opositor do governo do Estado e colega de profissão do dirigente
do Conselho de Economia.
Maior devedor
Atualmente,
o presidente do Corecon/AM responde na Receita Federal por não pagamento de
impostos, sendo ele o maior devedor do fisco no Amazonas como pessoa física,
com um débito de R$ 1,5 bilhão, segundo dados públicos do Ministério da
Fazenda.
Procurado
pela reportagem, Francisco de Assis Mourão Júnior atribuiu a dívida tributária
a uma empresa a qual ele prestou consultoria há mais de dez anos. Ele informou
que recorre na Justiça.
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